SP Escola de Teatro se despede de Rosa Magalhães
Morreu ontem (25), aos 77 anos, a cenógrafa, figurinista e premiada carnavalesca Rosa Magalhães, um dos maiores nomes do Carnaval brasileiro e do mundo da cenografia e figurino.
A carnavalesca foi sete vezes campeã do carnaval carioca na Sapucaí, com uma carreira de mais de 50 anos. Seu primeiro título veio em 1982, com a Império Serrano. Depois, conquistaria títulos com Imperatriz Leopoldinense e Unidos de Vila Isabel.
Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, diz:
“Rosa Magalhães foi minha professora durante a graduação na PUC/PR nos anos 1980. Anos depois, nossos caminhos se cruzaram novamente aqui, na SP Escola de Teatro, onde lecionou em várias ocasiões. Rosa foi uma mulher extraordinária, cuja elegância e inteligência sempre me impressionaram. Além de ser uma carnavalesca premiada e reconhecida, também realizou trabalhos incríveis para o teatro, sua primeira forma de expressão, como costumava afirmar. Sua capacidade de criar narrativas visuais cativantes e sua dedicação à arte foram sempre profundamente inspiradoras”.
Além do Carnaval, Magalhães venceu um prêmio Emmy na categoria figurino pelo trabalho na cerimônia de abertura do Pan-Americano de 2007. Ela também foi responsável pela cerimônia de encerramento das Olimpíadas do Rio em 2016.
Em agosto de 2011, Rosa Magalhães participou do Papo de Teatro na SP Escola de Teatro, com estudantes e público, onde contou um pouco da sua trajetória:
“Comecei desenhando para a Escola de Samba do Salgueiro, quando ainda era aluna da Escola de Belas Artes da UFRJ. Depois fui para a Escola de Teatro da UniRio, que então era Fefierj, onde fiz o curso de Cenografia e Indumentária. Depois que me formei, fui dar aula na Escola de Belas Artes. Antes, dava aula na Faculdade de Letras da UFRJ, enquanto estudava na EBA”.
Sobre as diferenças para um figurino de avenida no Carnaval e um figurino para o teatro, explicou:
“Muitas diferenças. O de Carnaval vai ser usado, no máximo, duas vezes. Então, ele tem de ser prático e não pode custar um preço exagerado, às vezes, o tamanho é regulável, porque não dá tempo de tirar medidas. A algumas roupas de carnaval, as especiais, você dedica mais tempo. O efeito tem de ser de leitura imediata, a audiência fica muito longe e a luz… Bem, essa é um horror”.
No teatro Rosa Magalhães disse que a primeira peça que fez como cenógrafa foi “Calabar – Um Musical”, dirigida por Fernando Peixoto, com músicas do Chico, e que foi censurada na época da Ditadura Militar, inclusive com o teatro sendo cercado pela polícia. Outro trabalho inesquecível para ela foi “Circo Místico”. Como figurinista, disse ter guardado com carinho o trabalho em “A Irresistível Aventura”, com a Dina Sfat.